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Pensar: a magia do humano

Atualizado: 12 de ago. de 2021

Este texto foi publicado originalmente na Revista Inspira, edição #2, agosto de 2019.

Arte: A Criação de Adão, por Michelangelo.

Anos mais tarde, um médico descobriu que o formato que está atrás de “Deus” é na verdade um cérebro. O dom divino é o nosso pensamento.



Pablo Picasso certa vez disse que “Tudo o que você pode imaginar é real”.


Exceto a natureza, tudo o que é, um dia precisou existir apenas na mente de alguém. Já pensou nisso?


Dos princípios de Hermes Trismegisto compilados no Caibalion, o primeiro e mais importante afirma que a mente está na origem de todas as coisas ("O todo é mente; O universo é mental”). A segunda lei hermética complementa a primeira: "O que está em cima é como o que está embaixo. O que está dentro é como o que está fora". Em outras palavras, o que está dentro – na mente – ,pode ser materializado, colocado para fora.


Esse não é mais um texto do estilo “você pode criar a sua realidade”, apesar de ser exatamente sobre isso. Não é bruxaria, nem tecnologia, mas saiba que você é mágico. Não do tipo que lança poderes por aí com a sua varinha. Mas do tipo que cria civilizações inteiras com o poder da mente.


Em uma entrevista ao El País, o premiado paleontólogo espanhol Juan Luis Arsuaga, professor de Paleontologia da Universidade Complutense de Madri, mencionou um traço de nossa espécie que chamou de “pensamento mágico”. De acordo com ele, “Somos a única espécie que tem pensamento mágico. Somos criadores de objetos que falam”.


Nossa capacidade de pensar magicamente, criando e cultuando personalidades mágicas que não existem de fato no mundo material, e sustentando ficções em nossas cabeças é, de acordo com ele, um traço evolutivo, embora muitos acreditem que isso seja uma característica arcaica herdada do nosso passado ignorante. Alguns até mesmo querem acreditar que estamos superando essa condição.


Essa mentalidade mágica faz parte da revolução cognitiva, a mesma que fez com que passássemos de meros grupos caçadores-coletores para grupos capazes de inventar barcos, lâmpadas a óleo, arcos e flechas e agulhas (essenciais para costurar roupas quentes), como disserta o historiador Noah Yuval Harari, em seu best-seller Sapiens: uma breve história da humanidade. “Os primeiros objetos que podem ser chamados de arte e joalheria datam dessa era, assim como os primeiros indícios incontestáveis de religião, comércio e estratificação social”, afirma ele. Em resumo, a estrutura do mundo tal como conhecemos ainda hoje nasceu com esses indivíduos “primitivos”, que somos ensinados a imaginar como um grupo inferior, e até mesmo idiotizado, que apenas se reunia para dançar juntos em volta da fogueira a cada lua cheia.


Esquecemos, no entanto, que o pensamento mágico criou, sim, deuses e espíritos sagrados, mas também criou realidades imaginadas coletivamente como o dinheiro, as leis, as nações ou os direitos humanos. “Não há deuses no universo, nem nações, nem dinheiro, nem direitos humanos, nem leis, nem justiça fora da imaginação coletiva dos seres humanos”, provoca Harari.


Quando desqualificamos o pensamento mágico estamos muito mais próximos da regressão do que da evolução. E a milhas de distância de criarmos algo novo enquanto sociedade e enquanto indivíduos. Se você sufoca a sua imaginação, como pode materializar coisas diferentes na sua vida? A fonte está seca.


A tecnologia de hoje, com todas as suas emulações das capacidades humanas e inteligências artificiais, não consegue o principal: imaginar. Nossa capacidade imaginativa não é boba, nem infantil, muito menos “viajar na maionese”, ela é o que nos diferencia das máquinas, que só calculam e não imaginam. Certamente por isso que as taxas de inovação e crescimento de países inteiros têm relação com os livros que lemos para as nossas crianças, como mencionado pelo psicólogo e professor Adam Grant em seu livro Originais: como os inconformistas mudam o mundo.


Como você tem lidado com essa porção mágica contida na sua mente? O controverso, mas lúcido, Osho concluiu que: “Você se torna mais divino à medida que se torna mais criativo. Todas as religiões do mundo têm dito que Deus é o criador. Não sei se ele é o criador ou não, mas uma coisa eu sei: quanto mais sua criatividade aumenta, mais divino você se torna”.


Acredito que muita gente lide muito mal com seu lado mágico. Chego a pensar que já não existem mais pensadores, apenas seguidores de pensadores. A ode ao cientificismo e ao tecnicismo iniciada na Modernidade ultrapassou os limites da ciência e da tecnologia e fez com que o racionalismo se tornasse apenas mais uma crença. Mais uma crença usada para engessar o pensamento, em lugares onde o pensamento não deveria ser contido.


Não se resuma a uma caixinha pequena e apertada, os seus poderes de criação são a arma secreta evolutiva. Use bem esses superpoderes! Honre a ancestralidade que teve que evoluir por milhares de anos para consagrar esse presente de pensar magicamente. Honre a sua natureza divina que cria o universo. Não tenha medo de pensar, de imaginar e de criar o novo para a sua vida! Assim como esse texto foi escrito se utilizando de pensamento mágico para te inspirar e fazer refletir, que você também possa deixar essa mágica acontecer com mais frequência dentro e fora da sua mente.


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