Arte: “Reverie” (detalhe), por Jean-François Portaels
Você sente que a sua vida parou? As coisas continuam fluindo, como sempre estarão - do jeito que você queria ou não; mas esse sentimento muda tudo dentro de nós. Parece que a vivacidade sumiu da nossa vida e o riso fácil, a leveza no olhar e aquela aptidão para se divertir com tudo foram embora.
A verdade é que você não precisa e nem vai dar conta de se sentir alegre e pra cima o tempo todo ao longo da sua vida. Alguns momentos nos colocam para uma revisão.
Se Afrodite é a deusa da vitalidade, da paixão pela vida, então, como se conectar a esse arquétipo quando tudo vai mal?
Existem momentos na vida em que passamos por dúvidas, sérios golpes e crises. No momento em que estamos vivendo essas coisas, tudo é péssimo de verdade. Mas as coisas ruins têm o potencial de nos reinventar. É o que muitos espiritualistas chamam de “a noite escura da alma”.
Na mitologia, a palavra usada é katábasis, referente à descida ao mundo dos mortos, a dolorosa descida aos cantos profundos da própria alma. Nesse momento, nos sentimos sozinhos, incompreendidos, nos retiramos e reavaliamos tudo.
Todo esse processo leva o tempo que for preciso para cada pessoa (ou, pelo menos, deveria). No final, dependendo do quanto nos permitimos, podemos ter encontrado uma nova forma de nos colocarmos na vida, uma que tenha mais a ver com quem somos em essência, despidos de tudo aquilo que pegamos emprestado dos outros.
Durante esse processo, devemos pensar em alguns dos pontos a seguir. São eles que nos impulsionam de volta para cima quando o ciclo estiver completo e nos fazem redescobrir o prazer de viver:
Curiosidade.
A curiosidade está ligada à nossa capacidade de buscar aquilo que nos vivifica. Falamos muito sobre aprender a dizer “não”, mas apostar no dizer “sim” é uma tarefa tão importante quanto. Se abrir a conhecer o novo e se permitir experimentar antes de julgar é um caminho que permite testar possibilidades e formas de ser.
Seguir aquilo que nos interessa.
“O mistério da existência humana não reside apenas em permanecer vivo, mas em encontrar algo por que valha a pena viver” - Fiódor Dostoiévski.
Sabe os assuntos pelos quais você se interessa, seus gostos e preferências? Ou, ainda, aquela leve simpatia que você sente quando vê algo, mas que nunca teve coragem ou disposição de integrar isso à sua vida? Quanto mais nos aproximamos dos nossos interesses, mais acesa fica nossa alma.
Imaginações.
As imagens mentais que produzimos em nossas fantasias e sonhos são um elemento criativo da alma, existente em todas as pessoas. Nossas imaginações são feitas a partir de nossas lembranças, nossos planos, nossos desejos e nossos projetos para o futuro. Nossas imaginações podem nos mostrar o que é importante para nós.
Passado, presente e futuro: para cada um, a sua devida parte.
Viva no presente, sem esquecer que suas lembranças e seus planos também têm valor. Uma pessoa “sem passado” desvaloriza sua própria história, enquanto que ter o sentimento de “não ter um futuro” pode ser fatal e dar um peso desproporcional aos acontecimentos do passado. Os tempos (passado, presente e futuro) devem estar em seu devido equilíbrio.
Se reconecte aos seus sentidos.
Faça as pazes com os seus sentidos: cheire, contemple, deguste, toque, ouça os sons. Existir de maneira consciente desperta sentimentos animadores. Experiências com os sentidos costumam ser experiências que enchem nossa vida de sentido.
Aprender a lidar com as emoções.
Estar aberto às emoções que fazem parte da vida é o que nos faz ter a sensação de estarmos vivos.
Se permitir entrar em ressonância com outro ser humano.
Somos seres relacionais. Trocar energias com as pessoas nos afeta e se privar disso como mecanismo de defesa diminui nossa vivacidade. Quando conversamos com alguém, lemos um livro, ouvimos uma música ou interagimos de alguma forma com a existência de outro ser humano, algo em nós se anima.
Tempo e ócio.
Esse é, talvez, o ponto mais importante. Sem criar momentos de ócio, de não fazer nada, a alma se perde na aceleração da vida e não consegue descobrir o que realmente lhe interessa e lhe faz sentir realmente vivo. Criar momentos “fora do tempo” é essencial!
Você tem passado pela sua noite escura da alma? Como tem sido? Se quiser, fique a vontade para compartilhar a sua experiência nos comentários aqui embaixo.
Na mitologia grega, Afrodite é a deusa da vitalidade, do prazer de estar vivo. E ela também é um arquétipo: uma força que existe dentro da nossa psique. A Inspira lançou O Livro de Afrodite - um guia arquetípico de encontro com a divindade de Afrodite que vive em seu interior. Afrodite é a deusa das emoções. Metade livro, metade caderno de escrita terapêutica, contém 233 exercícios e textos reflexivos e instigantes para conversar com o seu inconsciente e fazer a sua Afrodite sair da concha.
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